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Diário Zippy Mors

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Mensagem por Zippy Mors 15.10.14 2:31



Prólogo



         Minha cabeça estava confusa, havia um som distante que parecia com... Eu acho que parecia com algo, mas não sabia o quê. Tentei abrir os olhos devagar, o mundo tinha tons conflitantes rajados em formas confusas e irritantemente claras, então os fechei rapidamente. Tentei levantar, mas estava presa, puxei uma mão e depois outra e nem mesmo podia senti-las direito.
         - Está acordada...
         Mais burburinhos e uma terrível sensação que meu corpo estava disperso no espaço, além dos limites da física gravitacional, eu estava em voo pleno, mas em posição estática, amarrada, cansada, perdida, flutuando e flutuando...
         Um som perturbador, algo caindo... Parecia que algo caia? Quebrou parte do meu devaneio, e logo veio um feixe de luz intenso sobre as minhas pupilas que não contraíram o tanto que deveriam, fazendo com que meus olhos ardessem e queimassem... Inquisição? O que estava acontecendo?
         - Jogue fora, não serviu.
         O que não servia? Que vozes eram essas? Minha cabeça ainda estava em voo alto, planando sobre a realidade, sem hora para pousar. “espere”, “espere”, “espere”... Minha mente ecoava aquelas palavras. Vinham de dentro ou de fora?
         - Estão chegando.
         Sim, estavam e eram muitos, eu podia saber pelo barulho descomunal. “bum”, “crack”, “bang”... Eu queria levar as mãos ao ouvido, queria parar aqueles sons, mas eu não tinha capacidade para isso, “me libertem... eu preciso...” choraminguei em pensamentos, mas era incapaz de verbalizar. Nesse momento senti uma força súbita me levando pelo espaço, eu estava caindo e voando, mas como poderia fazer ambos?
         Então senti o chão gelado no meu rosto atormentado e uma face...



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Mensagem por Zippy Mors 19.10.14 22:16



O convite


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   Acordei, e a face do sonho era a mesma que me encarava na vida real. Sussurrei um “oi” meio perdida no espaço tempo e encarei o meu pai, ele usava luvas de cozinha... Mas porque raios ele usava duas luvas de cozinha de silicone nas mãos?

    - Meu bem, foi o pesadelo de novo? – Ele me encarou preocupado, mas não tirou as luvas.

    - Tudo bem, já estou quase acostumada, pai... – Sentei e enxuguei um pouco o suor do rosto, eu estava ensopada, mas preferia desconversar, estava mesmo cansada daqueles longos diálogos que terminam com “está tudo bem, meu amor”... - Desde quando você cozinha?

    - Todos têm suas primeiras aventuras, não é mesmo? Agora vá tomar um banho!

    Sorri me sentindo fraca, e embora eu tenha percebido que aquilo tornara-se uma rotina chata e cíclica onde eu sonhava, e acordava com um dos meus pais me despertando, o que sinceramente era menos estranho quando era a mamãe e não o papai que era tão igual ao sonho...

    De todo jeito... Depois eu ia cambalear meio esverdeada até o banheiro, vomitar, ficar alguns minutos tremendo até conseguir ficar de pé outra vez e perceber que eu realmente estava verde, eu suava esverdeado e isso era muito estranho...

    Eu esperava que se estudasse numa escola normal, talvez eu tivesse amigas na puberdade que me tranquilizassem que suar verde era normal, mas os meus seriados teen age não falavam nada sobre sonhos confusos e coloração esverdeada... Talvez eu fosse mesmo um alienígena e só.

    Tomei um banho demorado, e àquela altura eu não via meus velhos pais reclamando de água e poupar para o planeta, então deixei meu corpo se recuperar. Quando voltei ao quarto, minha cama já estava arrumada e meus lençóis trocados. No canto oposto, mamãe arrumava minha penteadeira e anunciava que eu deveria ser boazinha com as omeletes do papai, pois não tinha ficado lá grande coisa, mas ele havia se esforçado. Descemos juntas e tomamos café da manhã, dei tchau aos meus pais e me esborrachei no meu maravilhoso sofá chato da casa na cidade.

    Meus pais e eu passávamos um mês a cada quatro fora da cidade em função das pesquisas deles, e então tínhamos uma casa perdida no meio do nada, próxima a um lago, onde eles catalogavam venenos de sapos, lá sim era meu lar... Na cidade eu vegetava sobre o sofá e me encontrava com o meu vizinho da frente que tinha a mesma idade que eu, 16 anos, falávamos sobre coisas diversas, mas o melhor era saber sobre a escola, aquela coisa parecia uma prisão e um lugar fantástico e divertido ao mesmo tempo, eu nem se quer sabia se queria ter uma rotina dessas ou não.

    Naquela sexta íamos nos encontrar à noite, mas até então tinha um chato dia com a professora Lise Berbertoff, uma francesa perdida na Austrália que me dava aulas particulares de...  Tudo! Como ela poderia saber tanto? Perguntava-me todos os dias...

    E assim se desenrolou o meu dia lento e cansativo, se amarrando ao longo das horas com lições chatas e intervalos monótonos, nos quais eu pensava sobre como seria passar todos os dias na escola que nem o Jim, ver muitas pessoas andando juntas e ter uma vida “normal”, senti um arrepio gostoso do vento do sul, geralmente ele anunciava que o meu vizinho já estava por perto, era uma sensação docinha, de ser gostada. Eu não sabia explicar bem, era como se eu soubesse, aquelas coisas de sexto sentido, mas estava tudo bem porque o astrólogo disse que pessoas do meu signo tendem a ser sensitivas.

    Lise havia ido embora fazia pouco, não havia ninguém em casa, mas meu pai não se importava muito com a presença de Jim lá, andei até o espelho para checar minha aparência, e dei de cara com a fatal verdade sobre como eu parecia. Meu cabelo era longo e bonito, loiro e muito claro por causa do sol, meus olhos azuis e grandes e minha boca grande enquanto os lábios eram um pouco finos, mas eu havia lido aquela tarde, em uma revista dessas, que o truque era passar um lápis de lábio mais por fora para dar volume e parecia ok para mim. Conferi meu vestido de estampa floral sobre fundo branco que disfarçava o quanto eu era magra, mas ainda deixava meus imensos joelhos a mostra, por que eu tinha tanto joelho a final?

    No meu devaneio de estar “bela” senti uma onda de impaciência vinda do lado de fora para dentro da casa, vibrando no meu estômago e me lembrando de que o pobre garoto estava batendo a campainha e aguardando no sereno.

    - Já estou indo! – Anunciei dando os últimos retoques na posição do cabelo, até abrir a porta.

    - Olá!
O som que ele emitia era desinteressado, jogando seu cabelo cacheado para trás com a mão direita, enquanto a outra repousava em seu bolso, mas a sensação que eu tinha ao sentir o cheiro refrescante que ele emitia era a de nervosismo e apreensão.

    - Tudo bem? – Perguntei desconfiada, abrindo espaço para que ele pudesse entrar.

    - Claro! – Ele estava muito estranho e entrou andando desengonçado até se esborrachar no meu amigo sofá de se jogar, como eu sempre fazia, só que com muita tensão.

    - Aconteceu alguma coisa? – Perguntei confusa e o rosto moreno dele se contorceu numa careta.

    - você já foi a um baile? – Ele perguntou dissipando a tensão, o ar parecia mais leve e até eu me senti mais calma, depois daquela frase sem muito sentido, obviamente eu nunca havia ido em um baile.

    - Eu nunca fui a uma escola, como poderia ir a um baile? Não seja bobo Jim! Como foi a escola? Teve baile? Pelo visto foi péssimo! – Ri da ideia de Jim dançando, meio que não era muito “a cara” dele.

    - Não, eu tenho que explicar tudo? – Ele pareceu um pouco irritado e isso me ofendeu um pouco, fiz cara de brava, mas ele desconversou antes que eu pudesse manda-lo embora com um pé na bunda.

    – Calma, eu estou tentando convidar você para um, no próximo sábado... Quer dizer, eu pensei que você estaria aqui e não lá e que estando aqui e não lá, você iria, para me acompanhar, sabe? Sem par, e então...

    Eu processei apenas a primeira frase que envolvia o baile, as que vieram depois foram muito confusas e não faziam o menor sentido quando combinadas, acho que soltas fariam menos ainda... Mas sorri animada com a ideia, todas as meninas gostavam de bailes e isso seria tão legal!

    - Nossa, eu ia gostar, mas não precisa estudar na escola? Por que está me chamando?

    - Não precisa, podemos convidar outros amigos, mas o par do baile tem que ser alguém que...

    Fiquei esperando o complemento da frase, mas Jim apenas corou como um camarão fritando e passou tantas  vezes a mão pelos cabelos que eu fiquei em dúvida se ele ainda teria um depois daquilo tudo. A tensão havia voltado para os seus ombros e se dissipado parcialmente após um sussurro inaudível?

    - Jim, não estou te entendendo...

    -     Tem que ser alguém que você goste, como num encontro...

    A revelação zumbiu fina pelos meus ouvidos... Jim era a melhor pessoa que eu conheci, e o único da minha idade que eu convivia, mas aquilo era mais... E mais era tão bom! De repente o ar era muito pouco e meus pulmões brigavam por espaço na minha caixa torácica e o rosto dele foi ficando mais próximo e o ar tão quente não satisfazia os pulmões mais, o cheiro era inebriante e refrescante, mas tudo que circulava entre nós era um ar denso, quente e úmido.

    Seus olhos fixos nos meus lábios editados com um bom lápis de boca e um batom rosa escuro, os meus já estavam fechados e imaginando o mundo pela luz infinita de possibilidades que o escuro guarda... O coração desatinado e então...

    A chave fez um ruído perturbador na porta e saltamos para lados opostos, vermelhos, suados e assustados como dois ladrões sendo flagrados.
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Mensagem por Zippy Mors 02.11.14 0:16






Ir ao baile


"Quero inventar o meu próprio pecado e morrer do meu próprio veneno..."







 



    Eu não havia pensado muito naquela situação constrangedora, apenas na primeira parte e havia pensado a semana toda, parecia tão legal ir a um baile e agir como uma pessoa normal, fazendo coisas normais de uma adolescente.

   Meu pai não gostou da ideia, mas eu choraminguei para a mamãe tanto e tanto... Eu tinha quase certeza que eles iam conversar a respeito, já que ela havia ficado balançada com o meu pedido, a vida era assim, um não aqui, um choramingo ali e estava tudo certo.

   Ao acordar do meu pesadelo outra vez, sem gritar porque eu estava virando uma mestra em auto controle Jedi, tomei meu banho, vomitei mais uma vez, olhei minha cara verde e escovei os dentes, nada nessa ordem realmente, e fui pé a pé verificar se eles estavam conversando na cozinha, o que segundo meus cálculos estavam sim, numa discussão calorosa, com uma terceira integrante inclusive.

   - Não seja bobo, Matt! Ela não vai ficar presa nessa casa a vida toda! – Minha mãe defendia.

   - Você está sendo negligente, Sondi!  – Meu pai replicava.

   - Não acho que irá ser muito proveitoso mantê-la afastada do mundo, isso vai despertar mais interesse e ela pode tentar fugir.  – A voz repleta de sotaque da minha professora irrompeu calmamente na discussão.

   - Vamos hoje para o lago!  – Ele se defendeu.

   O que eu ainda não havia entendido era o motivo de todo alvoroço por causa de um baile, tudo bem que quase nos beijamos e meus pais devem ter ficado meio zangados, principalmente meu paizinho ciumento, mas era uma reação exagerada, mesmo pensando nisso.

   -É só um baile, que mal pode haver? – Minha mãe tentou mais uma vez e mesmo eu estando escondida, sabia que ela havia aplicado o golpe “cara de gato de botas” nele.

   - Não sabemos, Sondi.  – Lise se pronunciou outra vez. – Nunca a colocamos em contato com tantas pessoas antes, acho que erramos nisso, mas não sei se é boa hora para testar... Pode ser um desastre, se alguma garota a provocasse... Não temos certeza do resultado. Ela pode ser letal.

    - Acho que vocês estão exagerando, é só um baile!  – Entrei na conversa, me defendendo como se nada tivesse acontecido. "Ela pode ser letal." Quanto exagero...

    Servi-me de iogurte e peguei uns biscoitos enquanto eles digeriam o que eu acabara de dizer, Lise estava lívida, Meu pai parecia aliviado pela minha tranquilidade, obviamente teria achado que eu ia ser mais rebelde e chata, mas eu estava gastando toda minha boa vontade em não quebrar toda a cozinha e manda-los me deixar ser normal.

   - Querida, é complicado...  – Minha mãe quebrou o silêncio após se recuperar do choque.

   - Ah, mãe! Pessoas dançando, não deve ser tão ruim! E eu nunca consigo fazer as coisas normais, e pode ser tão legal, eu vou me comportar bem! Eu juro.
Eles se entreolharam por um segundo e meu pai encerrou a conversa com um “vamos discutir isso mais tarde!”. Isso era um bom sinal, a final eles pensariam sobre enquanto meu dia chato se desenrolava.

   Ao fim da tarde, quando de volta da universidade, eles sentaram-se comigo, fizeram mil restrições e finalmente me deixaram ir, fui com a mamãe e escolhemos o meu vestido de festa. Depois de enchermos meus pés de bolhas, porque nada era o suficiente para minha mãe que queria que eu virasse uma árvore de natal mesmo diante de todo o meu protesto, chegamos a um acordo em um vestido sem brilho, mas muito elegante e sem decote e sem ser curto e todas as restrições do papai.

Spoiler:





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